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Marques da Silva, o arquitecto dos edifícios-monumento Imprimir E-mail

José Marques da Silva nasceu no Porto e diplomou-se na Academia das Belas-Artes, ente 1882-89. Neste ano, vai para Paris frequentar a École National des Beaux-Arts, onde é aluno do mestre Victor Laloux (1850-1937) e onde, em 1896, conquista o ambicionado DPLG (um arquitecto "diplômé par le gouvernement" pode exercer profissionalmente a profissão, sem ter de passar pelo crivo das ordens profissionais).

Tradição e racionalismo
Na capital francesa, Marques da Silva absorve "uma cultura académica que alia os valores da tradição clássica com o racionalismo e esquemas de compromisso funcional mais adaptados à mecânica da vida moderna", escreve André Tavares na apresentação do mapa. Tratou-se, afinal, do aperfeiçoamento da formação que levava da escola do Porto, que bebia já da mesma tradição francófona.

No regresso à cidade natal, Marques da Silva vai logo poder aplicar o seu projecto de fim de curso na construção da Estação de S. Bento, para acolher o comboio que então acabava de chegar ao Porto. Com o tempo e o seu trabalho continuado, torna-se num dos arquitectos mais influentes, tanto junto do poder municipal como dos empresários (na altura dizia-se "capitalistas") e famílias que a ele recorrem para o projecto das suas casas e edifícios-sede.

André Tavares assinala "o papel muito interveniente" que Marques da Silva desempenhou na discussão técnica do projecto para a Avenida dos Aliados entregue ao arquitecto e urbanista inglês Richard Barry Parker (1867-1947), ligado ao movimento Arts and Crafts, e com o qual a Câmara queria afirmar o Porto como "a" cidade de serviços da Região Norte. "É interessante ver, nessa altura, a associação da racionalidade de construção promovida pelo arquitecto inglês, desenhar a partir da ideia muito óbvia das três janelas em grandes fachadas de vidro sobre uma estrutura toda muito homogénea, como vemos na Rua do Almada, por exemplo, com a intervenção de Marques da Silva e a sua cultura francesa, o seu gosto mais decorativo, com fachadas monumentais de pedra muito trabalhadas e requintadas". Uma influência que iria fazer mais doutrina na configuração futura da Avenida dos Aliados, como depois se pôde ver com edifícios como o do jornal O Comércio do Porto, de Rogério de Azevedo.

Quatro visitas até Dezembro
Começou já ontem, com uma visita à Estação de S. Bento e ao Teatro São João, o programa organizado pela OA/SRN para dar a conhecer, por fora e por dentro, a obra com que Marques da Silva deixou o seu nome inscrito na fisionomia do Porto. Com paragens em alguns dos 24 edifícios assinalados no mapa de arquitectura que acaba de ser editado (é o n.º 2 de uma colecção lançada no ano passado com um roteiro do arquitecto Arménio Losa), a viagem vai ter mais quatro jornadas, sempre ao sábado: no próximo dia 24, Rui Tavares faz o percurso das obras na Avenida dos Aliados; a 7 de Novembro, Gonçalo Canto Moniz e Manuel Sá guiam a visita à Escola Secundária Rodrigues de Freitas; no dia 21, será a vez de Rui Ramos dar a conhecer melhor a casa-atelier Marques da Silva e, finalmente, a 5 de Dezembro, André Tavares desvenda "os fantasmas" da Casa e dos Jardins de Serralves.

O preço de cada visita é de 6 euros e as inscrições (até um limite de 30 participantes) terão de ser feitas até às 17h do dia anterior, junto da OASRN.


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