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Costa ignora projectos para o Terreiro do Paço Imprimir E-mail

Público, José António Cerejo, 09.10.04

A revolução proposta para o Terreiro do Paço pelos consultores da sociedade de capitais públicos Frente Tejo anuncia-se polémica logo no título do estudo que concluíram em Abril:Estratégia de urbanização do Terreiro do Paço. A ideia não passa, obviamente, pela reconstrução da sala de visitas de Lisboa, mas não deixa de contemplar um total de "18.000 m2 de espaço para (re)urbanizar".

O presidente da câmara, António Costa - que em Maio disse ao PÚBLICO que estava a ser elaborado pela Frente Tejo um estudo "para encontrar um bom equilíbrio que assegure a dinamização das arcadas do Terreiro do Paço para não serem só restaurantes ou galerias de arte"- garantiu, porém, anteontem: "Não conheço o estudo de urbanismo comercial. Creio que está em curso".

O trabalho de 124 páginas subscrito pela empresa CB Richard Ellis reconhece que os edifícios da praça "não foram desenhados para desempenhar funções comerciais" e salienta que "terão de ser efectuadas intervenções de modo a adequar os espaços aos actuais requisitos legais e dos futuros ocupantes". Entre outras obras, refere que "as janelas das arcadas deverão ser rasgadas para criar montras (...) e deverão ser previstas instalações sanitárias e ar condicionado".

De uma forma geral, recomenda, que "o projecto de reabilitação e construção do Terreiro do Paço deverá pressupor uma intervenção arquitectónica assumidamente contemporênea, mas que preserve a autenticidade do monumento e o "espírito do lugar"". Do lado do Ministério das Finanças, diz-se que ele "deverá ser reabilitado de modo a criar uma galeria comercial com amplos corredores de circulação e espaços adequados aos usos pretendidos".

No conjunto, "os espaços dos pisos superiores deverão ser integrados nos espaços do piso térreo de modo a valorizá-los. Deste modo - acrescenta - deverão ser criados espaços de piso duplo com acesso próprio e escadas "imponentes"". Entre as recomendações apresentadas, tudo na perspectiva de que o local se transforme no "centro cosmopolita de Lisboa 24 horas por dia" e numa "experiência memorável", a partir de 5 de Outubro de 2010, defende-se que "deverá ser encontrado um espaço menos nobre para a esquadra da polícia, i.e., um espaço que não tenha frente de praça".

A forma como os autores (não identificados no estudo) vêem a futura praça é "um destino cosmopolita diário, semanal, de manhã, à tarde e à noite... cultural, comercial e de lazer para todas as idades, onde há sempre algo a acontecer." Para os 42 espaços comerciais previstos, foram já contactadas empresas interessadas em ali instalar casas de "moda trendy ou sofisticada" únicas no país, restaurantes de luxo, outros de tipo familiar e de comida rápida, mercearias gourmet, garrafeiras, pastelarias, geladarias, livrarias, quiosques, tabacarias, floristas, livrarias, lojas de designerse estilistas, lojas multimarca de luxo. Para lá das áreas comerciais haverá 12 espaços de serviços e culturais que incluem os CTT, a PSP, o espaço museológico, com um eventual pólo do Museu de Serralves (na zona da Marinha), uma galeria de arte e uma galeria da cidade. Para que tudo isto funcione em alternativa aos centros comerciais e como ex-líbris da cidade, o estudo defende a aposta no conforto, na segurança e na gestão comum e profissional de todo o espaço.
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