Público, 16.05.2008, Sara Dias Oliveira
A fita é cortada hoje, dia da cidade de São João da Madeira, com a presença do secretário de Estado do Ordenamento do Território e Cidades, João Ferrão. Mas a população não teve que esperar pelas inaugurações oficiais. Há três anos que o Parque Urbano do Rio Ul ganha forma numa extensão de 300 mil metros quadrados e são muitos os que não resistem a passear pelo local em dias solarengos. Estendem-se toalhas na relva, anda-se de bicicleta no caminho de alcatrão, descansa-se num banco de jardim, abre-se um computador num dos pontos de encontro, conversa-se sem olhar para o relógio, vendem-se gelados. As zonas norte e central do parque estão prontas para a cerimónia pública. A parte sul aguarda uma intervenção que ainda não está calendarizada.
Transportar as pessoas para um outro mundo. É esse o objectivo assumido
pelo arquitecto Sidónio Pardal, o autor do projecto. "O que tem piada
nos parques é sair do caminho. Um dos predicados de um parque é não
impor um comportamento especial e codificado às pessoas, para que elas
se apropriem do espaço de uma forma muito descontraída". "A expressão
campestre dá-lhe um grande sossego", diz em relação ao parque
são-joanense. O arquitecto garante que tem um teste de qualidade pela
frente: "Se as pessoas aderirem à paisagem resultante do parque e
tiverem uma boa adesão, é sinal que o trabalho está bem feito". "Às
vezes, há um certo receio quando se tratam este tipo de espaços de
trair a alma do sítio e entrar num design internacional", conclui.
O presidente da Câmara de São João da Madeira, Castro Almeida, está
satisfeito com o resultado. "O parque está muito bonito, estou
encantado". "É um luxo uma zona industrial ter em frente um parque
desta natureza". "Tivemos muita sorte com o arquitecto, que teve imensa
liberdade para mexer no projecto", acrescenta. Quando a obra arrancou,
o autarca sublinhava que o parque urbano que iria nascer na cidade era
o maior entre o Choupal de Coimbra e o Parque da Cidade do Porto. "A
marca não é ser muito grande. O espaço está, de facto, bastante
bonito", afirma, ao recordar que o local estava "coberto de silvado".
"Era uma coisa impenetrável", lembra.
A totalidade da obra está orçada em cinco milhões de euros e, até ao
momento, foram investidos 2,8 milhões, sem contabilizar os custos dos
terrenos. Castro Almeida destaca duas particulares da empreitada.
"Trata-se de uma obra sem derrapagem orçamental, sem trabalhos a mais,
custou o valor pelo qual foi adjudicada - o que não é normal". Além
disso, deu luz verde ao arquitecto, confiou nas suas opções e
afastou-se do processo. "Não há obra onde tenha estado tão ausente",
assegura.
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