Início arrow NOTICIAS arrow Benavente quer mais zonas protegidas
Benavente quer mais zonas protegidas Imprimir E-mail

Público, 22.04.2008, Jorge Talixa

A Câmara de Benavente quer alargar as áreas naturais protegidas existentes no concelho, especialmente em zonas húmidas e de charneca situadas nas proximidades do Campo de Tiro de Alcochete (CTA), para onde está prevista a construção do futuro aeroporto internacional de Lisboa. O município ribatejano tem actualmente cerca de 160 dos seus 504 quilómetros quadrados integrados na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (ZPE) e na Rede Natura e pretende integrar mais cerca de 90 quilómetros quadrados do seu território nesta ZPE.

A autarquia já manifestara esta intenção antes do anúncio do Governo de mudança do projecto do aeroporto para a área do CTA. Reafirmou-a, agora, no âmbito da elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e do Vale do Tejo (PROTOVT), que nos últimos três meses tem sido adaptado de acordo com a nova localização prevista para o aeroporto. Nesta nova versão do PROTOVT, o município surge classificado como "centro estruturante" e, segundo o seu presidente, António José Ganhão (CDU), este plano deverá consagrar também a estratégia municipal de desenvolvimento do turismo natureza e do turismo rural.
"Pulmão" da Grande Lisboa.

Cerca de 81 por cento da área do CTA está situada na freguesia de Samora Correia e no concelho de Benavente, pelo que grande parte dos 3000 hectares apontados para a construção do futuro aeroporto e de todas as actividades complementares se situa em território benaventense. A câmara local já lançara anteriormente a ideia de que Benavente é, e quer continuar a ser, o "pulmão" da Região de Lisboa pelas extensas áreas naturais e agrícolas que possui e entende que parte dos 4000 hectares do CTA que não vão ser utilizados para o projecto do aeroporto devem ser classificados como área protegida, no âmbito da ZPE.
"Estes 160 quilómetros quadrados de ZPE correspondem à soma das áreas de municípios como Lisboa, Odivelas, Cascais e Oeiras. Todo esse território cabe dentro desta ZPE. Pretendemos, e já fizemos essa proposta ao Instituto da Conservação da Natureza, que a nossa ZPE e a nossa área de Rede Natura possa ser ampliada", sustenta António José Ganhão, frisando que a ideia da câmara é abranger mais cerca de 90 quilómetros quadrados com as áreas que marginam a Nacional 119 entre o CTA e o Infantado, zonas húmidas e de charneca existentes na mesma zona, a várzea do rio Almansor, uma parte do Paul de Belmonte que já confina com a ZPE e a mata modelo da Companhia das Lezírias.

"Percebemos que esta relação de complementaridade com Lisboa pode criar-nos e afirmar uma área de protecção com uma dimensão que nenhuma outra cidade europeia tem", acrescenta o autarca da CDU.
O edil diz também ter manifestado, na última reunião da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo com a equipa técnica que está a elaborar o PROTOVT, a sua "surpresa" pelo facto de ainda não estarem consagrados no modelo territorial definido quer os actuais 160 quilómetros de ZPE, quer a área para a qual a edilidade quer ampliar esta zona protegida.

"Se a localização do aeroporto na área do nosso município nos pode trazer alguns benefícios, pode trazer também alguns problemas. Esses problemas passam muito por não permitirmos que neste território possam acontecer coisas que não devem acontecer", disse o presidente da câmara num recente seminário organizado pelo GEOTA, pedindo a ajuda de especialistas para evitar problemas de especulação imobiliária no concelho.

< Anterior   Seguinte >
 
actas encontro 2022
actas encontro 2021
actas encontro 2019