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E é aqui que surgem as dúvidas
de habitantes de Santo Estêvão e da própria Câmara de Benavente. Os
primeiros estudos deixavam o limite da área de implantação do NAL a 7
quilómetros da localidade de Santo Estêvão (sede de uma freguesia com
perto de 2000 mil habitantes e com três grandes complexos turísticos
frequentados por centenas de pessoas), mas estes últimos documentos já
apontarão para uma distância de 5 quilómetros. Situação que pode ser
ainda mais complicada para alguns dos empreendimentos turísticos
locais, que ficarão, assim, a 3,5 quilómetros.
A ADASE reuniu, há
cerca de dois meses, com responsáveis da NAER, e diz ter recebido,
então, a informação de que as pistas terão sido reorientadas para o
sentido norte-sul - o LNEC sugeria um sentido NNW-SSE, mas admitia
alterações com estudos mais aprofundados - e garante que nada lhes foi
dito sobre a aproximação da zona de implantação a Santo Estêvão. Depois
de consultar o Plano Director e o caderno de encargos do concurso para
elaboração do estudo de impacte ambiental é que a ADASE se apercebeu
desta eventual aproximação.
Na exposição que dirigiu à Naer e à Câmara
de Benavente, a Associação diz que esta eventual alteração "contraria
as recomendações do LNEC", que, por razões de sustentabilidade do
sistema de transportes e pelos efeitos ambientais e económicos,
considerava que a obra deveria desenvolver-se "com toda a lógica, o
mais a sudoeste possível" da localização apontada como mais favorável,
baptizada de H6B, ficando mais junto da Plataforma Logística do
Poceirão". Segundo a associação ambientalista, a confirmar-se a área de
implantação mais a norte, isso "destruirá, no plano ambiental e de
ruído, a localidade de Santo Estêvão no que concerne à qualidade de
vida dos seus habitantes e visitantes" e "implica o pagamento, não
previsto no estudo do LNEC, de vultuosas indemnizações a proprietários
privados, nomeadamente à Portucale e aos herdeiros do dr. Carlos Melo".
A ADASE diz mesmo ter informação de que a nova implantação obrigaria a
adquirir uma área de mais de 100 lotes para construção já
infra-estruturados da Portucale (empresa do Grupo Espírito Santo) e
centenas de hectares de uma herdade dos herdeiros de Carlos Melo.
Se
assim acontecer, sublinha a Associação de Santo Estêvão, ficam
subvertidos alguns dos argumentos que sustentaram a opção pela
localização do futuro aeroporto na área do CTA, designadamente o que
referia que "em Alcochete não havia que pagar indemnizações a
particulares, a título de expropriação, pelo facto de o terreno ser
público".
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