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Loulé lança debate sobre urbanismo Imprimir E-mail

in Público, 26.04.2009, Idálio Revez

Mais de 80 trabalhos candidataram-se ao Prémio de Arquitectura e Urbanismo, instituído pela Câmara de Loulé, como o objectivo "promover e incentivar" a qualidade do espaço urbano do concelho e rasgar os horizontes de uma região, marcada por exemplos negativos. A escritora Lídia Jorge, membro do júri, diz que foi "gratificante" verificar que entre os trabalhos apresentados houve peças de arquitectos e projectistas que souberam "respeitar a atmosfera do lugar, sem se submeterem a princípios de imitação tradicional atávica, nem exibirem insinuações folclóricas dispensáveis".

Dos trabalhos distinguidos, destaca-se, na categoria Obra Nova, um trabalho da autoria dos arquitectos Rui Alves e Teresa Rodeia, em Alte, considerada uma intervenção "muito positiva" na articulação com a envolvente da aldeia e o respeito pelo espaço natural exterior. Na categoria de Recuperação, o galardão foi atribuído à arquitecta Maria Salomé Marcelino, com trabalho em habitação unifamiliar em Vale Telheiro.

O júri, que contou com um representante da Associação dos Arquitectos e outro da Associação de Urbanistas Portugueses, salientou ainda "vontade imperativa de manter as características originais do conjunto edificado". O prémio da categoria Urbanização distinguiu Fernando Galhano, em Vilamoura, com o Loteamento dos Terraços do Pinhal. Neste caso, destacou-se a valorização das redes pedonais e de ciclovias, em articulação com as áreas verdes.

A agenda de Loulé
Ontem, na cerimónia de entrega de prémios, Seruca Emídio, presidente da Câmara de Loulé, salientou que o município vai colocar na agenda política "os problemas do urbanismo, das obras de arquitectura e valorização patrimonial" por entender que essas questões devem fazer parte do debate sobre "cultural local" e da estratégia de desenvolvimento do concelho.

A criação deste galardão, de periodicidade bienal, serviu de pretexto a Lídia Jorge para sugerir um debate alargado sobre as questões relacionadas com a ocupação do solo e qualidade do espaço urbano: "Que a questão comece a ser pelos menos discutida, como o está a ser em algumas regiões do Mediterrâneo com as quais temos afinidades."

Sobre as urbanizações destacou que "a alta densidade da construção associada à importação de modelos que nada têm a ver com o ambiente humano e paisagístico da região transformam aquilo que poderia ser uma mais-valia para o Algarve numa criação apática sobre a qual a preservação de uns quantos logradouros e vias interiores não se afigura suficiente para salvaguardar um futuro auspicioso para as urbanizações". E defendeu que, "no mínimo", as propostas urbanísticas sejam objecto de discussão pública.

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