Início arrow NOTICIAS arrow Porto exige tratamento igual para a marginal do Douro
Porto exige tratamento igual para a marginal do Douro Imprimir E-mail

Público, 18.05.2008, Patrícia Carvalho

A frente ribeirinha do Porto também vai ser reabilitada. A exigência é que o financiamento do Governo venha a ser tão significativo como o de Lisboa

As vozes são consensuais: quando a frente ribeirinha do Porto tiver um projecto para ser financiado, o Governo não poderá deixar de o fazer, à semelhança do que está previsto para Lisboa. Mas projecto ainda não há, é preciso que a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) o concretize. E o presidente da câmara, Rui Rio, depois de um ataque ao Governo de José Sócrates sobre a centralização do investimento em Lisboa, recusou voltar a falar sobre a marginal portuense. Nem mesmo depois de o líder da oposição socialista no executivo, Francisco Assis, o desafiar a procurar junto do Governo garantias de apoio semelhantes às que ocorrerão na capital.

Rui Rio escolheu a última reunião da assembleia municipal para criticar a quantidade de investimento governamental previsto para Lisboa, dizendo: "Há anos que acontecem coisas destas, mas agora exagerou-se um pouco." Entre os exemplos apresentados pelo autarca, lá estavam os mais de 400 milhões de euros que deverão financiar a frente ribeirinha de Lisboa. No dia seguinte, durante a reunião de câmara, Assis defendeu que a importância estratégica da marginal portuense é "em tudo igual" à da capital, pelo que o Governo deveria apoiá-la da mesma forma. Rui Rio não disse nada. E, depois do encontro, o vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, questionado pelos jornalistas, limitou-se a responder: "Só podemos pensar em financiamento quando se puder enquadrar no projecto que há-de vir a surgir, e que ainda não há."

Não há, mas já devia haver, defende o vereador comunista do executivo, Rui Sá. "Este assunto demonstra a falta de visão estratégica do presidente da câmara. O que seria normal era, quando o Governo anunciasse o investimento para Lisboa, Rui Rio sacar de um projecto para a frente ribeirinha do Porto e bater-se por ele em concreto. Mas o que tem é um concurso de ideias sem condições mínimas que permitam consubstanciar um projecto que permita reivindicar investimento", defende.

O vereador comunista considera que "o Governo é extremamente centralista" mas avisa que "também temos que assumir as nossas responsabilidades". Entenda-se, o PS e Rui Rio. "O centralismo do Governo acontece com a cumplicidade dos dirigentes socialistas da região, que tentam sempre dizer que o Norte tem o investimento que precisa. E o presidente da câmara, face às ambições nacionais que tem, procura ter um discurso mais moderado relativamente ao investimento, para não correr o risco de afastar potenciais eleitores", acusa.

No centro de todo este processo está a SRU, que deverá concretizar o documento estratégico para a frente ribeirinha portuense, partindo das ideias apresentadas num concurso internacional que teve como vencedor o arquitecto Pedro Balonas. O presidente da SRU, Arlindo Cunha, define o trabalho de Balonas como "interessantíssimo", mas adianta que o projecto final, elaborado pela equipa da Porto Vivo, não se cingirá a ele. "Não vamos incorporar tudo o que propõe o arquitecto Balonas, e podemos incluir ideias de outros premiados e não premiados", diz.

O documento poderá estar concluído até ao fim do ano e, nessa altura, Arlindo Cunha não tem dúvidas de que será solicitado investimento do Governo. "Acho que não poderá recusar, uma vez que a problemática é exactamente a mesma - uma frente ribeirinha que é uma mais-valia para a cidade", defende.
Arlindo Cunha explica que Balonas fez mesmo uma estimativa de custos para o seu programa de intervenção, apontando para um investimento na ordem dos 140 milhões de euros (há uma outra versão, que inclui a passagem do metro na marginal mas que, dados os custos acrescidos de 260 milhões de euros, "não está a gerar consenso" e deverá ser posta de lado). Por isso, não resiste a ironizar: "A nossa frente ribeirinha custará 140 milhões no máximo, o que, comparado com os 400 milhões de Lisboa, não é nada."

Pedro Balonas idealizou, para a faixa entre a Ponte D. Maria I e a Rua de D. Pedro V, uma série de espaços verdes e públicos, a transformação de parte do edifício da Alfândega num hotel de apoio ao centro de congressos lá instalado e a construção de duas pontes pedonais que liguem as margens do Douro, do lado do Porto e Gaia.

< Anterior   Seguinte >
 
actas encontro 2022
actas encontro 2021
actas encontro 2019